A
soja representará, pelo segundo ano-safra consecutivo, mais da metade da área
plantada das principais culturas agrícolas do País, como milho algodão, arroz,
feijão, trigo e cevada. Só a oleaginosa deverá ocupar 53,2% da área plantada na
safra 2013/2014, um avanço ante os 52,1% de participação na safra 2012/2013, de
acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab). E a perspectiva, para o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues,
não é de mudança no cenário. "Há uma expectativa de que, mantidos os
preços elevados da soja, esse modelo continue crescendo", sinalizou o ex-ministro.
O
avanço da área com soja é motivo de críticas de ambientalistas e também
agrônomos com relação a um avanço da monocultura do grão no País. Rodrigues
também é um crítico do modelo de monocultura, mas acredita que ainda é
"difícil de avaliar" se o Brasil caminha para um vício em apenas
algumas lavouras, já que alterações nos preços internacionais podem determinar
um recuo na área plantada no País. "Monocultura
não é uma coisa boa tecnicamente por duas razões. Uma porque cria uma
dependência de um único produto que a qualquer momento pode não dar certo por
uma crise de superoferta. Outra é que a intensificação da atividade determinada
pela monocultura gera resistência a pragas e moléstias, aumentando o custo de
produção e perturbando a sustentabilidade, na medida em que se pulveriza mais
vezes a planta."
Integração
como saída
Uma
medida que pode mitigar o avanço da monocultura da soja, afirma, é a introdução
da integração lavoura-pecuária-floresta, que começou como uma técnica
integrante do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Ministério da
Agricultura, e neste ano ganhou uma política nacional.
Criada
para reduzir o impacto do aumento da área plantada sobre matas originais e
reduzir a emissão de gás carbônico a partir da atividade agrícola, esta técnica
obriga o agricultor a realizar uma rotação constante de culturas, inclusive com
gado e floresta, o que, segundo Rodrigues, "mitiga a questão da
monocultura". Atualmente,
entre 1,6 e 2 milhões de hectares fazem a integração em diversos formatos. Pelo
Programa ABC, a meta é chegar em 2020 com o dobro da área de hoje, ou com 4
milhões de hectares.
Fonte:
Agrolink